segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ideologia segundo Comte e Marx

A explicação sobre o tema é mais complexa do que possa parecer, tem raízes profundamente históricas, sociológicas, antropológicas e filosóficas das mais variadas. Varia de acordo com o contexto histórico e sócio-econômico e até mesmo do campo da ciência em que se estuda. Auguste Comte, fundador do Positivismo, emprega o termo ideologia atribuindo-lhe dois significados: como atividade filosófico-científica, que estuda a formação das idéias e , como um conjunto de idéias de uma época, que formam a opinião geral e a teoria de pensadores dessa mesma época. O positivismo de Comte, elabora uma explicação onde o progresso ou transformação do espírito humano passa por três fases, a saber: a fase fetichista ou teológica, onde os homens explicam a realidade através de Deus ; a fase metafísica, onde explicam a realidade através de princípios gerais e a fase positiva, que explica de fato a realidade e elabora ciências para a ação individual e coletiva da sociedade. Ora, se, o positivismo é a ciência do conhecimento, e prevê um conjunto de regras e normas de controle da realidade, então o poder está nas mãos de quem detém esse conhecimento, e que uma sociedade ordenada e progressiva, deve ser dirigida pelos que possuem esse espírito científico. Para Durkeim, que pretende transformar a sociologia em ciência, como conhecimento racional e objetivo, o fato social deve ser tratado como “coisa”, e como coisa, deve separar o sujeito do objeto, o que garante a objetividade e neutralidade do cientista. Assim, passará a chamar de ideologia, todo o conhecimento que não respeite esses critérios. Para Marx e Engels, o surgimento da ideologia, se dá no instante em que a divisão social do trabalho, separa o trabalho manual do intelectual. Marx afirma que a ideologia burguesa transforma em " coisa" a chamada classe social, estudando-a como um fato e não como resultado da ação humana, e que transforma um homem até que ele acredite que é desigual por natureza, desejo ou falta de talento, de um outro homem. Mas a divisão do trabalho não é somente uma divisão de tarefas, aqui existe uma diferença entre os que produzem a riqueza e os que usufruem dela, o que dá ao proprietário um poder sobre o não-proprietário que é explorado econômicamente. Assim, a ideologia é encarada como a dominação de uma classe para interesse geral do Estado, ou seja as idéias das classes dominantes se tornam idéias de todas as classe sociais e tornam dominantes. A ideologia é um conjunto lógico de representações ( idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar , sentir e fazer, com a função de dar-lhes uma explicação racional as diferenças sociais, políticas e culturais, e apagando-as para formar uma identidade nacional. Porém, a ideologia é mais um aparecer social , ou seja, é a forma com que o processo social aparece na consciência humana. A consolidação da ideologia se dá por exemplo, quando as idéias e valores de uma classe emergente são interiorizados pela consciência de todos os membros da sociedade, e uma vez sedimentada e interiorizada se converte em senso comum, se populariza , tornando-se um conjunto de idéias e valores aceitos por todos e ali ela se mantém passando por consequência a sera classe dominante, até que isso por algum motivo se altere . Portanto é incoerente dizer que existe uma ideologia dos dominados, pois ela mesmo é um instrumento de dominação. A ideologia não é uma expressão da "realidade", mas a forma pela qual a realidade se "parece". Surge para legitimar as lutas entre as classes, seja por razões políticas, econômicas, sociais ou religiosas. Em qualquer sociedade, há sempre uma distinção entre quem está no poder e quem é subordinado a esse poder. Essa relação de desigualdade é explicada pela ciência de todas as formas, através das leis do Universo, da sociologia, antropologia e etc., e é inerente ao ser humano, que de alguma forma se movimente no sentido de alterar essa realidade, haja visto as profundas transformações históricas na vida da humanidade desde a sua criação. A insatisfação provoca desejos de mudanças, que chamamos de ideais.

Ideologia

Ideologia é um termo que possui diferentes significados e duas concepções: a neutra e a crítica. No senso comum o termo ideologia é sinônimo ao termo ideário (em português), contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Para autores que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerado um instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana.
Para alguns, como Karl Marx, a ideologia age mascarando a realidade. Os pensadores adeptos da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt consideram a ideologia como uma ideia, discurso ou ação que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência e escondendo suas demais qualidades. Já o sociólogo contemporâneo John B. Thompson também oferece uma formulação crítica ao termo ideologia, derivada daquela oferecida por Marx, mas que lhe retira o caráter de ilusão (da realidade) ou de falsa consciência, e concentra-se no aspecto das relações de dominação.