
Destacam-se na obra de Durkheim as características atribuídas ao fato social – a externalidade, que implica a independência ( e auto suficiência ) do fato social em relação às consciências individuais, e a coercitividade, uma vez que condiciona a vida das pessoas (apesar do conflito que existe entre a individualidade e as imposições coletivas). Trata-se o homem como portador de uma pseudo-autonomia. O fato social, na sua definição, expressa a coerção que o meio exerce sobre os “indivíduos perfeitamente inofensivos na maior parte do tempo” (Durkheim, 1995: 05) .Émile Durkheim propõe a passagem de uma sociedade mecânica – na qual o indivíduo tem sua individualidade anulada em relação a coletividade, ocasionando uma dependência que torna o homem um objeto à disposição da sociedade – para uma sociedade orgânica – onde no exercício da prática comum, resultante da especialização do trabalho, os indivíduos conscientes de seu papel (função) recebem usos e práticas legitimados pelo grupo (corporação) a que pertencem e deste modo há um jugo menor tendo em vista o espaço disponível às partes (esfera de ação própria, as personalidades). A presença da matriz positivista é claramente observada na forma idealizada como o cenário social é colocado, restando ao indivíduo adequar-se ao meio.A moral de fato é o principal modo de controle (domínio) identificado na sociedade da perspectiva de Durkheim. Esta moral é algo bom, pois assegura o funcionamento do todo social, e obrigatório já que imprime nas consciências individuais comportamentos vitais à existência em sociedade. Sendo assim, as anomias (ausência de solidariedade) que instabilizam temporariamente a sociedade necessitam da criação de uma nova moral, resultante das corporações de ofício e que legitimada por determinado grupo de operários, por exemplo, fortalece a solidariedade comum pois vai de encontro às particularidades existentes no cenário social. As novas morais que surgem contam com a adesão dos indivíduos, independente de suas particularidades, pois demonstram-se adequadas ao desafio de manter a funcionalidade do organismo social. Trata-se de uma perspectiva autoritária uma vez que impõe condições em prol do bem comum, ou seja, condições que viabilizam a vida em sociedade apesar das individualidades identificadas entre os atores sociais.
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